jueves, 24 de noviembre de 2011

Razões de uma greve: pela democracia, equidade, indignação e desobediência

Somos ambos funcionários públicos. Nunca vivemos acima das nossas possibilidades como muitos políticos e comentadores querem fazer crer. Sempre vivemos à custa do nosso trabalho. Trabalho que, muitas vezes, se prolonga pela noite dentro e pelos fins-de-semana. Tal como muitos outros cidadãos e cidadãs.

A “recompensa” é que, sem sequer sermos avaliados em relação ao nosso desempenho, considera-se que ganhamos muito e que somos privilegiados chamando-nos “a mim e a si, a contribuir, por pura imposição, para salvar um sistema económico e financeiro que se baseia na mais evidente desumanidade. (Manuel Loff, Público, 24 de Novembro de 2011).

No nosso caso isto traduziu-se em: de Julho de 2010 a Dezembro de 2012 desapareceram-nos 7 meses de salário. Repito e sublinho de Julho de 2010 a Dezembro de 2012 desapareceram-nos 7 meses de salário.

Os únicos “luxos” que temos são (a) criar duas filhas pequenas (de 4 e 6 anos); (b) estudar e investigar; (c) comprar alguns livros e discos; (d) ir a algumas exposições e espectáculos; (e) ser solidário e ter participação cívica; (f) ter emprego.

Há algo de profundamente errado em tudo isto.

Por isso continuo indignado. Só me resta a desobediência em relação a todas e quaisquer narrativas que me pretendem fazer crer que vivo acima dos rendimentos do meu trabalho e que os cortes e mais cortes são a única via para que, talvez lá mais para o futuro, as coisas fiquem melhor. Nada de mais falso. Basta ler as entrevistas que os governantes deram aos jornais depois do 25 de Abril. Para mim o futuro é hoje. Cada vez mais livre, mais indignado e mais desobediente.
Lido em: http://desajustado.blogs.sapo.pt/2560.html

No hay comentarios:

Publicar un comentario